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sábado, 20 de setembro de 2008

Monopólios da informação

José Arbex Júnior autor do livro "Jornalismo Canalha: Promíscua Relação Entre a Mídia e o Poder", analisa a maneira pelas quais as grandes corporações de comunicação – no Brasil e no exterior – se relacionam com o poder e de que modo essa promíscua relação resulta no favorecimento de ambos.
A troca de favores entre a grande média, representada no livro por grandes conglomerados como a Time Warner e o Grupo Abril, e as instituições políticas implica necessariamente nas mais diversas formas de manipulação, por meio das quais essas empresas procuram fazer com que a visão de mundo dos indivíduos esteja sempre em harmonia com a ideologia das elites dominantes. Arbex nos dá um exemplo típico ao analisar a forma como a cobertura da guerra no Iraque, ou melhor, a invasão desse país pelos Estados Unidos, tem sido coberta por grandes emissoras, como a americana CNN, sempre sem qualquer discordância com o discurso dos “senhores da guerra” estadunidenses e fazendo com que o telespectador se sinta do lado dos soldados americanos. Um fato que nitidamente ilustra o que foi dito foi a cena em que a estátua do ditador Sadam Hussein foi derrubada, sendo o povo, na ocasião, pressionado a permanecer próximo ao monumento, enquanto as câmeras da CNN focalizavam de um modo que nos dava a entender que toda a população iraquiana estava a favor da invasão.
O descaramento com que jornalistas dessas grandes empresas defendem a doutrina Bush também se dá de maneira sutil, quando jornalistas simulam ingenuidade (apenas simulam!), ao adotar expressões do vocabulário do presidente americano, tais como “guerra contra o terror”, “instituição de um regime democrático no Iraque” etc. Grandes nomes do jornalismo americano até mesmo se prontificam a defender a tortura, ou melhor, para utilizar o vocabulário norte-americano, “duras técnicas de interrogatório”.
Mas não é apenas a mídia internacional que se rende ao fascínio da parceria mídia / poder. Em nosso país não faltam exemplos de como movimentos sociais, como o dos trabalhadores sem-terra, são ridicularizados (ou apenas ignorados) pela grande mídia. Também nos dá exemplos de correspondentes internacionais brasileiros que apenas alinham seus discursos às corporações internacionais e a grupos políticos dominantes, tanto no exterior como em nosso país.
As formas de manipulação habitualmente empregadas por esses veículos influenciam a visão de mundo do “cidadão médio” e faz com que ele inconscientemente, compartilhe o mesmo posicionamento ideológico dos grupos dominantes, perdendo seu senso crítico, abrindo mão de sua capacidade de concatenar os fatos, afinal de contas, para maioria das pessoas, “se está na TV, é porque deve ser verdade”.
Derrubando o mito da imparcialidade e do compromisso com “a verdade” (como se houvesse apenas uma...), esta é uma denuncia ao monopólio da informação, ou melhor, da ideologia travestida de informação, através da qual, passivamente, reafirmamos, dia após dia, a doutrina dominante, preconceitos e opiniões simplistas, sem que sequer nos der conta disso.


Silvana Gotardi.

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